Tudo Que No Cume Inspira
-Picodaneblina-
*
No alto daquele morro
eu plantei uma roseira,
o vento no cume bate,
a rosa no cume cheira.
Quando vem a chuva fina,
salpicos do cume caem,
formigas no cume entram,
abelhas do cume saem.
Quando cai a chuva grossa,
a água do cume desce,
o barro do cume escorre,
o mato do cume cresce.
Mas quando cessa a chuva,
no cume volta a alegria,
pois torna a brilhar de novo
o sol que no cume ardia!
*
Versão Laurindo Rabelo
http://advivo.com.br/blog/gilberto-cruvinel/a-poesia-obscena-de-laurindo-rabelo
As Rosas do Cume
-
- "No cume daquela serra
- Eu plantei uma roseira.
- Quanto mais as rosas brotam,
- Tanto mais o cume cheira.
-
- À tarde, quando o sol posto,
- E o cume o vento adeja,
- Vem travessa borboleta
- E as rosas do cume beija.
-
- No tempo das invernadas,
- Que as plantas do cume lavam,
- Quanto mais molhadas eram,
- Tanto mais no cume davam.
-
- Mas se as aguas vêm correntes,
- E o sujo do cume limpam,
- Os botões do cume abrem,
- As rosas do cume brincam.
-
- Tenho, pois, certeza agora
- Que no tempo de tal rega,
- Arbusto por mais mimoso
- Plantado no cume, pega.
-
- Vem porém o sol brilhante
- E seca logo a catadupa;
- O mesmo sol a terra abrasa
- E as águas do cume chupa.
- A rosa do cume fica
- no mais alto da montanha
- A rosa do cume pica
- A rosa do cume arranha
- .
- As rosas do cume espreitam
- entre as folhagens d'além
- trazidos na fresca brisa
- os cheiros do cume vêm.
- .
- No cume duma montanha
- tem um olho d'água à beira.
- É uma água tão cheirosa
- que a multidão ansiosa
- o olho do cume cheira."
- *
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